16. deixa eu entrar pela sua porta?
eu sempre abro as portas e as janelas.
faço bolo e café, eu deixo entrar.
talvez eu devesse reservar só a sala de estar e deixar sempre uma janela fechada.
eu não consigo deixar de ser esse coração aberto, apesar de.
às vezes eu olho pra trás, pra todas as vezes em que minha vulnerabilidade foi posta à prova e as pessoas não tiraram o sapato antes de entrar ou não se importaram em cuidar desse espaço sagrado que sou eu da mesma forma em que eu estendi essa cortesia.
e ainda assim eu abro as portas e as janelas. algo sobre não mudar quem eu sou por conta dos outros. me permitir vivenciar as coisas com a verdade que eu tenho.
mas hoje eu estou com medo de estar exposta demais, vulnerável demais. ser machucada de novo. ser cuidada de menos.
mesmo colocando pra fora o que o mundo fez comigo e curando minhas feridas uma a uma, eu ainda tô insegura. porque o terreno bambo das afeições nunca me fez sentir que eu podia criar raízes, que eu podia ficar. que eu não era difícil de amar. aprendi a sempre sempre calcular meus passos nesses terrenos intempestuosos e entrar com um fio de cabelo de cada vez. e ainda assim, não pude escapar dos arranhões. tenho medo demais de cair.
por favor, não me deixa cair se eu entrar pelas suas portas e janelas. eu estou escolhendo entrar também, dessa vez.
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