17. Onde não puderes construir em conjunto, não te demores.
dentre as coisas as quais estou acostumada, dizer adeus parece ser a mais constante de todas elas. não só o adeus breve que precede as partidas longas, mas do tipo que não se diz porque não se espera. aquele que não se pode dar, mas que acontece e ecoa o não dito em sua mente como uma cacofonia sem fim.
é desse adeus que eu sempre tive muito medo, mas é dele que mais me acontece. eu estou preparada pro adeus que soa como até logo, mas o adeus-pra-sempre... ele me entristece de uma forma que não tem jeito. eu até mesmo o coloco em quem ele ainda não aconteceu, por puro medo de se repetir. ele é o dito não dito e que eu já espreito a cada silêncio a cada não verbalizar de dor a cada abismo que se forma sem palavras.
e de alguma forma é com ele que aprendi a certeza do meu próprio silenciar e decorei os ecos da minha própria voz ao lidar com um coração que se esvazia de alguém. já tantos foram embora de mortes não morridas que tive que aprender a valorizar meus próprios abrires de porta pra estranhos e também o meu próprio fechar de portas (e janelas) para o mundo.
recôndita eu aprendi que ninguém é permanente, só eu sou meu lar. essa certeza já não me aflige nem me corrói. aprendi a viver com a casa cheia e com a casa vazia e com a incerteza no meio disso. a nao precisar, mas querer companhia. a não depender e sim a valorar quem vem por bem. que não posso nem devo nem quero o forçar de relações em que um já não é casa e a gente tem que se esforçar pra ser dois.
ainda não sei se minha casa é terreno de livre passagem, mas creio que minha paz não está mais atrelada às vindas nem às permanências de ninguém. esse lar é fruto do querer mútuo e não da necessidade cega de ter alguém. a porta fica aberta, mas também me recolho perante quem faz festa mas não estende a cortesia de tirar os sapatos antes de entrar e nem se esforça pra reciprocidade do convite pra comer bolo na varanda. ser casa é não se violar pra ser casa pra outrem e sim construir pontes e estradas de visitação, cuidado e amor entre duas construções que se reconhecem distintas e dispostas a se tocarem.
é desse adeus que eu sempre tive muito medo, mas é dele que mais me acontece. eu estou preparada pro adeus que soa como até logo, mas o adeus-pra-sempre... ele me entristece de uma forma que não tem jeito. eu até mesmo o coloco em quem ele ainda não aconteceu, por puro medo de se repetir. ele é o dito não dito e que eu já espreito a cada silêncio a cada não verbalizar de dor a cada abismo que se forma sem palavras.
e de alguma forma é com ele que aprendi a certeza do meu próprio silenciar e decorei os ecos da minha própria voz ao lidar com um coração que se esvazia de alguém. já tantos foram embora de mortes não morridas que tive que aprender a valorizar meus próprios abrires de porta pra estranhos e também o meu próprio fechar de portas (e janelas) para o mundo.
recôndita eu aprendi que ninguém é permanente, só eu sou meu lar. essa certeza já não me aflige nem me corrói. aprendi a viver com a casa cheia e com a casa vazia e com a incerteza no meio disso. a nao precisar, mas querer companhia. a não depender e sim a valorar quem vem por bem. que não posso nem devo nem quero o forçar de relações em que um já não é casa e a gente tem que se esforçar pra ser dois.
ainda não sei se minha casa é terreno de livre passagem, mas creio que minha paz não está mais atrelada às vindas nem às permanências de ninguém. esse lar é fruto do querer mútuo e não da necessidade cega de ter alguém. a porta fica aberta, mas também me recolho perante quem faz festa mas não estende a cortesia de tirar os sapatos antes de entrar e nem se esforça pra reciprocidade do convite pra comer bolo na varanda. ser casa é não se violar pra ser casa pra outrem e sim construir pontes e estradas de visitação, cuidado e amor entre duas construções que se reconhecem distintas e dispostas a se tocarem.
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