31. me dê um beijo borboleta e eu sentirei um mundo
eu queria ter menos feridas. menos cicatrizes.
que se envolver comigo fosse algo mais normal. mais fácil.
que não carregasse tanta coisa e que eu tivesse que sentir que isso é sempre um fardo.
que fosse mais fácil me abrir e que não doesse tanto quando, depois de me deixar vulnerável, me acertam com um tiro direito no coração dessa vez desprotegido porque se permitiu ser tocado.
o mundo não me toca com gentileza com frequência.
e dói.
não cicatrizei um terço das feridas.
às vezes se você me toca com um cílio eu sinto como se fosse uma bala de titânio.
às vezes quando você me toca não é só o seu cílio mas o de tantos outros que juntos são uma tonelada.
e às vezes eu vou chorar e vou ficar brava e vou guardar rancor e não vai ser pelo seu cílio. vai ser por muitos outros também.
se relacionar comigo é isso também. e não é fácil. nem pra você e nem pra mim.
eu não sei se eu dou conta. lidar com um cílio pode parecer tão pouco ou possível pra uns, mas pra mim me parece muito mais como um âncora que cobre o meu corpo inteiro.
eu frequentemente quero apenas me livrar de tudo e ser livre.
estou cansada de tentar. de ver as pessoas não conseguindo. ou de eu não conseguindo me relacionar com ninguém. dói.
então de agora em diante eu estou estabelecendo o que posso dar e o que posso receber.
eu não posso dar mais nada. não tem mais nada pra sair desses seios. eles não são mais fartos. é minha cicatriz. eu preciso me preencher de mim agora. eu preciso de muito autoamor.
eu conheci uma face de mim que não conhecia no dia de hoje. eu quero conhecer essa pessoa que eu sou melhor. eu quero ser suficiente pra mim mesma. eu não consigo cuidar de ninguém e nem me doar hoje. e nem quero. nunca mais.
não posso exigir nada de ninguém, mas a quem quer que queira se relacionar comigo de agora em diante, precisa se relacionar comigo por inteira: no ódio, na dor, na felicidade, no amor. e no que tudo isso representa e na carga que isso tem. e vai ser difícil. e eu não vou cumprir mais expectativas do que esperam que eu seja enquanto preta, mulher, namorada, filha, irmã, amiga. eu não sou mais de ninguém. eu sou minha. e isso vai doer. e você vai ter que lidar com isso. porque a gente cria expectativas sobre o que os outros deveriam ser o tempo inteiro.
isso significa que eu vou levantar e vou embora. eu vou dizer não. eu vou ficar séria quando você esperava que eu sorrisse. eu vou chorar quando você esperava meu riso. eu vou dizer coisas que você vai odiar. eu vou me descobrir em ser plenamente eu mesma. e eu não vou ensinar pras pessoas como lidar comigo. e nem com elas mesmas. eu não vou ser a mulher preta que você espera. e vai doer. mas eu não ligo mais. isso é sobre você, não sobre mim.
não vou mais deixar de ser a mulher de mim mesma pra caber no que esperam da mulher de alguém.
ninguém mais pode ter meu coração, porque ele é meu.
você pode tocar somente o que eu te permitir de mim. a lógica de abertura e vulnerabilidade emocional na forma e nos moldes brancos que a sociedade criou pra mim não cabem mais aqui. esse coração já não é um corte aberto esperando pra ser tocado. estou fechando, curando, cicatrizando. pra ele ser casa de quem ele precisa ser. minha.
você nunca vai se relacionar comigo, mas com as partes que eu escolho partilhar de mim. você não vai saber quem eu sou. a não ser que eu queira. e às vezes, mesmo que eu queira, você não vai entender meu idioma, o que eu carrego nem o que eu sou. e isso vai ser difícil. não vou caber mais nos moldes que você criou pra mim.
adeus.
se quiser me conhecer de fato, me liga.
que se envolver comigo fosse algo mais normal. mais fácil.
que não carregasse tanta coisa e que eu tivesse que sentir que isso é sempre um fardo.
que fosse mais fácil me abrir e que não doesse tanto quando, depois de me deixar vulnerável, me acertam com um tiro direito no coração dessa vez desprotegido porque se permitiu ser tocado.
o mundo não me toca com gentileza com frequência.
e dói.
não cicatrizei um terço das feridas.
às vezes se você me toca com um cílio eu sinto como se fosse uma bala de titânio.
às vezes quando você me toca não é só o seu cílio mas o de tantos outros que juntos são uma tonelada.
e às vezes eu vou chorar e vou ficar brava e vou guardar rancor e não vai ser pelo seu cílio. vai ser por muitos outros também.
se relacionar comigo é isso também. e não é fácil. nem pra você e nem pra mim.
eu não sei se eu dou conta. lidar com um cílio pode parecer tão pouco ou possível pra uns, mas pra mim me parece muito mais como um âncora que cobre o meu corpo inteiro.
eu frequentemente quero apenas me livrar de tudo e ser livre.
estou cansada de tentar. de ver as pessoas não conseguindo. ou de eu não conseguindo me relacionar com ninguém. dói.
então de agora em diante eu estou estabelecendo o que posso dar e o que posso receber.
eu não posso dar mais nada. não tem mais nada pra sair desses seios. eles não são mais fartos. é minha cicatriz. eu preciso me preencher de mim agora. eu preciso de muito autoamor.
eu conheci uma face de mim que não conhecia no dia de hoje. eu quero conhecer essa pessoa que eu sou melhor. eu quero ser suficiente pra mim mesma. eu não consigo cuidar de ninguém e nem me doar hoje. e nem quero. nunca mais.
não posso exigir nada de ninguém, mas a quem quer que queira se relacionar comigo de agora em diante, precisa se relacionar comigo por inteira: no ódio, na dor, na felicidade, no amor. e no que tudo isso representa e na carga que isso tem. e vai ser difícil. e eu não vou cumprir mais expectativas do que esperam que eu seja enquanto preta, mulher, namorada, filha, irmã, amiga. eu não sou mais de ninguém. eu sou minha. e isso vai doer. e você vai ter que lidar com isso. porque a gente cria expectativas sobre o que os outros deveriam ser o tempo inteiro.
isso significa que eu vou levantar e vou embora. eu vou dizer não. eu vou ficar séria quando você esperava que eu sorrisse. eu vou chorar quando você esperava meu riso. eu vou dizer coisas que você vai odiar. eu vou me descobrir em ser plenamente eu mesma. e eu não vou ensinar pras pessoas como lidar comigo. e nem com elas mesmas. eu não vou ser a mulher preta que você espera. e vai doer. mas eu não ligo mais. isso é sobre você, não sobre mim.
não vou mais deixar de ser a mulher de mim mesma pra caber no que esperam da mulher de alguém.
ninguém mais pode ter meu coração, porque ele é meu.
você pode tocar somente o que eu te permitir de mim. a lógica de abertura e vulnerabilidade emocional na forma e nos moldes brancos que a sociedade criou pra mim não cabem mais aqui. esse coração já não é um corte aberto esperando pra ser tocado. estou fechando, curando, cicatrizando. pra ele ser casa de quem ele precisa ser. minha.
você nunca vai se relacionar comigo, mas com as partes que eu escolho partilhar de mim. você não vai saber quem eu sou. a não ser que eu queira. e às vezes, mesmo que eu queira, você não vai entender meu idioma, o que eu carrego nem o que eu sou. e isso vai ser difícil. não vou caber mais nos moldes que você criou pra mim.
adeus.
se quiser me conhecer de fato, me liga.
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