35. oração a mim em meu papel em branco da monografia
eu consigo fazer isso
eu totalmente consigo fazer isso
eu não sou nem fraca, oxe.
às vezes eu tenho o direito de ser, mas isso não vem ao caso agora.
as vozinhas na minha cabeça me dizendo que não são minhocas
é pra adubar
só merda.
escrever é florescer, mesmo que seja acadêmico.
é sobre se colocar no mundo
abrir a boca
de um jeito que o mundo não espera
da mulher cujo corpo só era dito sobre
se dizer então,
é magia.
pura magia preta.
eu que quis, mas olhe
não sei de onde a senhora tá colocando na minha cabeça
que eu nem precisava estar fazendo isso, dona minhocas.
é meu.
já tá em mim.
colocar pra fora é só consequência.
eu carrego nas linhas da testa, no óculos, nos dedos gordinhos, na coluna ruim
(de tanto ficar sentada lendo e escrevendo)
no respirar, no coração.
o burburinho de fora,
ele não é meu.
passo tempo demais me pensando
em como vão me traduzir e me pensar e interpretar
no julgamento
nos paralelos
no escrutínio do outro sobre mim
e isso é ainda mais branco que a academia
a última palavra é minha
é sobre mim,
é pra mim.
respira, nega. respira.
o espaço do você é sagrado.
tem que ser
no mínimo pra você.
se deixa
esparramar
no papel em branco.
cê pode.
eu totalmente consigo fazer isso
eu não sou nem fraca, oxe.
às vezes eu tenho o direito de ser, mas isso não vem ao caso agora.
as vozinhas na minha cabeça me dizendo que não são minhocas
é pra adubar
só merda.
escrever é florescer, mesmo que seja acadêmico.
é sobre se colocar no mundo
abrir a boca
de um jeito que o mundo não espera
da mulher cujo corpo só era dito sobre
se dizer então,
é magia.
pura magia preta.
eu que quis, mas olhe
não sei de onde a senhora tá colocando na minha cabeça
que eu nem precisava estar fazendo isso, dona minhocas.
é meu.
já tá em mim.
colocar pra fora é só consequência.
eu carrego nas linhas da testa, no óculos, nos dedos gordinhos, na coluna ruim
(de tanto ficar sentada lendo e escrevendo)
no respirar, no coração.
o burburinho de fora,
ele não é meu.
passo tempo demais me pensando
em como vão me traduzir e me pensar e interpretar
no julgamento
nos paralelos
no escrutínio do outro sobre mim
e isso é ainda mais branco que a academia
a última palavra é minha
é sobre mim,
é pra mim.
respira, nega. respira.
o espaço do você é sagrado.
tem que ser
no mínimo pra você.
se deixa
esparramar
no papel em branco.
cê pode.
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