48. sou esú?
o pacto narcísico da branquitude é tão articulado que nem dentro do pretenso amor incondicional da família tradicional que tanto lutam pra preservar é capaz de sustentar o racismo violento e excludente deles.
tão imaculados
esperando o pedido de desculpas pelo que a gente nem fez
esperando que a nossa internalização de culpa seja tão grande que a gente se anule
esperando que o mundo - como tem que ser - gire em torno deles
esperando
esperando
esperando
...
pra que se movimentar se os outros é que tem que alcançá-los em seus tronos perfeitos da imaculada imagem que tentam manter de perfeição?
em suas bocas finas corpos pálidos esquálidos magras como ripas os cabelos escorridos oleosos
nos fizeram crer a outra
somos lindas, disseram
por que ninguém gostaria de ser como nós? por que alguém se atreveria a nos dizer em contrário? e por que não fazer com que suma qualquer um que ameace esse status, mesmo que nada faça?
suma no racismo
suma na lgbtfobia
suma nas comparações
suma nas expectativas distorcidas
deixei de ser deusa ashanti do ébano porque o deus cristão e seus homens/mujeres sentem medo de mim e das minhas contradições
gorda exuberante espaçosa iluminada avultante volumosa nos cabelos nos peitos na bunda nas bochechas
sem passar despercebido
me apequenei
controlei os maneirismos
as palavras
os jeitos
as afetações
as risadas
os cabelos exuberantes
tentando empalidecer a cor reluzente
deixando faltar o sol que ativa o mel(anina)
eles gostam de nos ver assim
pisando em ovos
pianinho
querendo ser como eles
porque a brankkitude gosta é de nos controlar e nos mutilar
pra poderem se ver mais e maiores do que são
somos o próprio antagonismo e a contradição. somosdespreparados por uma sociedade brankkka e ocidental a não lidar com o desviado. tudo que não é eles é o ruim, o maldito, o desgraçado, o assustador.
enxergar isso e não só ver, mas também abraçar, é do caralho.
fiquei pensando no quanto fui chamada de louca e de violenta pela família brankkka da minha mãe e em como eu ressignifiquei esses termos pra me compreender e fortalecer. eu sou mesmo. tem muito poder no ódio, no desequilíbrio, no subconsciente.
fiquei pensando no quanto que meu pai apazigua todas as emoções até ir morrendo e definhando por dentro, se tornando cada vez menos. apequenando pra caber. qual seria o poder da dor, do ódio, da tristeza, do ensandecimento pros nossos? a branquitude tem medo pq é de dar medo memo
eles não querem encarar o que eles memo causaram.
mas a gente se acostuma a internalizar e ter medo é da gente mesmo por ter tantas reações a essa forma violenta e absurda como somos tratados por esse mundo torto e torpe. e daí a gente sacrifica a si mesmo pelo bem estar da própria branquitude. ficar quieto pra não incomodar.
daí isso tudo nem vai embora, vai só comendo a gente por dentro. pra eles ficarem de boa a gente tem que ficar ensandecendo por dentro e isso é fodido de um nivel que eu nem sei dizer. e daí quando a gente mostra todo o estrago que nos causaram, somos nós os monstros.
e daí a brankkkitude tem a chance de exercer seu umbigocentrismo cristão e nos "perdoar" e mostrar o quanto são bons e imaculados a forma deles de lidar com nossa contradição e nossos lados pesados é passar a mão e tentar nos salvar de nós mesmos com os bons modos deles
sendo que eles que na real causaram a maioria dos estragos e os podres são é eles
que fodidos.
tão imaculados
esperando o pedido de desculpas pelo que a gente nem fez
esperando que a nossa internalização de culpa seja tão grande que a gente se anule
esperando que o mundo - como tem que ser - gire em torno deles
esperando
esperando
esperando
...
pra que se movimentar se os outros é que tem que alcançá-los em seus tronos perfeitos da imaculada imagem que tentam manter de perfeição?
em suas bocas finas corpos pálidos esquálidos magras como ripas os cabelos escorridos oleosos
nos fizeram crer a outra
somos lindas, disseram
por que ninguém gostaria de ser como nós? por que alguém se atreveria a nos dizer em contrário? e por que não fazer com que suma qualquer um que ameace esse status, mesmo que nada faça?
suma no racismo
suma na lgbtfobia
suma nas comparações
suma nas expectativas distorcidas
deixei de ser deusa ashanti do ébano porque o deus cristão e seus homens/mujeres sentem medo de mim e das minhas contradições
gorda exuberante espaçosa iluminada avultante volumosa nos cabelos nos peitos na bunda nas bochechas
sem passar despercebido
me apequenei
controlei os maneirismos
as palavras
os jeitos
as afetações
as risadas
os cabelos exuberantes
tentando empalidecer a cor reluzente
deixando faltar o sol que ativa o mel(anina)
eles gostam de nos ver assim
pisando em ovos
pianinho
querendo ser como eles
porque a brankkitude gosta é de nos controlar e nos mutilar
pra poderem se ver mais e maiores do que são
somos o próprio antagonismo e a contradição. somos
enxergar isso e não só ver, mas também abraçar, é do caralho.
fiquei pensando no quanto fui chamada de louca e de violenta pela família brankkka da minha mãe e em como eu ressignifiquei esses termos pra me compreender e fortalecer. eu sou mesmo. tem muito poder no ódio, no desequilíbrio, no subconsciente.
fiquei pensando no quanto que meu pai apazigua todas as emoções até ir morrendo e definhando por dentro, se tornando cada vez menos. apequenando pra caber. qual seria o poder da dor, do ódio, da tristeza, do ensandecimento pros nossos? a branquitude tem medo pq é de dar medo memo
eles não querem encarar o que eles memo causaram.
mas a gente se acostuma a internalizar e ter medo é da gente mesmo por ter tantas reações a essa forma violenta e absurda como somos tratados por esse mundo torto e torpe. e daí a gente sacrifica a si mesmo pelo bem estar da própria branquitude. ficar quieto pra não incomodar.
daí isso tudo nem vai embora, vai só comendo a gente por dentro. pra eles ficarem de boa a gente tem que ficar ensandecendo por dentro e isso é fodido de um nivel que eu nem sei dizer. e daí quando a gente mostra todo o estrago que nos causaram, somos nós os monstros.
e daí a brankkkitude tem a chance de exercer seu umbigocentrismo cristão e nos "perdoar" e mostrar o quanto são bons e imaculados a forma deles de lidar com nossa contradição e nossos lados pesados é passar a mão e tentar nos salvar de nós mesmos com os bons modos deles
sendo que eles que na real causaram a maioria dos estragos e os podres são é eles
que fodidos.
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